Quando era pequena, sonhava com o dia em que poderia escolher a minha profissão. Ser independente, ter algum dinheiro e fazer aquilo de que gosto(sim, porque de que nos serve fazer aquilo de que não gostamos?).
Sonhava com milhentas profissões! Queria ser atriz, cientista, professora, fotógrafa, médica, astrónoma, juíza... Enfim, tudo e mais alguma coisa, tanta profissão que não cabia na minha cabeça!
E agora? Agora que tenho que escolher não sei o que quero ser. As profissões varreram-se todas e as que resistiram às varridelas foram derrubadas pela realidade.
" Quero ser atriz!" , pensava. Mas é um trabalho pouco valorizado em Portugal, mal pago e cada vez está pior. Certamente iria parar ao desemprego.
-"Quero ser astrónoma!", sonhava,mas ,em Portugal ,a astronomia não é muito desenvolvida; não há futuro nessa área. Era muito provável que tivesse de emigrar ou arrumar esse sonho na gaveta. Talvez fizesse uns minicursos de astronomia e comprasse um telescópio, mas nada sério...
"Quero ser designer!" , dizia. Outra profissão que não está muito melhor, há muitos designers para tão pouco emprego...
E, assim, começo a esgotar todas as minhas poucas ideias... É horrível isto! uma pessoa que, para seguir o seu sonho, tem que emigrar. Porque ,se não o fizer, muito provavelmente, irei parar à lista dos milhares desempregados e ser mais um a viver à custa do Estado, sem fazer nada, sem fazer o que gosta.
Por isso ,fica a pergunta que muitas vezes me passa pela cabeça: ficar ou emigrar?
Catarina Silva
